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quinta-feira, 28 de julho de 2011

SUPERAÇÃO DA FOME


         Uma realidade que aflige as mentes e os corações das pessoas sensíveis ao sofrimento humano é justamente a constatação cruel da fome e da miséria que ceifam tantas vidas e tantos talentos humanos. É uma realidade que perturba e incomoda constantemente até mesmo as autoridades que deveriam se responsabilizar em encontrar caminhos que garantam vida saudável para todos.
            Muitos ambientes, assim ditos cristãos, também sentem e se compadecem diante dessas situações. E apelam para a oração. Julgam solucionar o drama rezando pelos que sofrem, pelos que passam fome, pelos desempregados e pelas mais diversas e dolorosas situações em que se encontram tantos seres humanos impedidos de viverem digna e honradamente.
            Não podemos negar que existem pessoas e organizações que, sensibilizadas pela dor e amadurecidas em sua fé, se organizam em busca de saídas humanizadoras. Empenham-se em orientar e promover esses seres humanos que se encontram desumanizados. Procuram meios, não apenas para eliminar a fome, mas também para encontrar meios dignos de se refazerem e reconstruírem sua própria vida.
            Isso faz pensar muito seriamente naquilo que aconteceu enquanto Jesus, o enviado do Pai, percorria a Galiléia anunciando o Reino de Deus e revelando tudo quanto o Pai lhe confiara para revelar. Numa dessas viagens missionárias aconteceu algo inusitado e que questiona a fé de qualquer cristão.
            “Ao sair da barca, Jesus viu grande multidão. Teve compaixão deles, e curou os que estavam doentes. Ao anoitecer, os discípulos chegaram perto dele e disseram: “Este lugar é deserto, e a hora já vai adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar alguma coisa para comer”. Mas Jesus lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Vocês é que têm de lhes dar de comer”. (Mt.14,14-16).
              Como sempre acontece, aqueles discípulos estavam apenas preocupados em seguir o Mestre pensando no privilégio de estarem permanentemente perto dele e não serem incomodados por ninguém. O Mestre resolveria tudo. Sabiam que o caminho era longo. Sabiam que seria muito difícil encontrar comida. Cada qual levava consigo escondido o alimento mais que suficiente para si.
            Mas a multidão que os seguia não tinha consciência disso. Com certeza aguardavam algum milagre, algo extraordinário que assegurasse a continuação do seu caminho. Mas os discípulos queriam ver-se livres. E, por isso, pediram que despedisse a multidão para que providenciasse o que comer. Não queriam incômodo. Não pensavam em partilhar o que possuíam. Só pensavam em si.
            Também não esperavam a reação do Mestre questionando a fé e a sensibilidade deles: “Vocês vão alimentar essa multidão”. Um questionamento sério e desafiante. Mas que, a partir do momento em que cada qual colocou em comum o que guardava para si, aconteceu o milagre. Todos se fartaram e a inda sobrou. Onde houver partilha a fome será vencida e a comunhão será alegre e festiva.
                                                                   Frei Venildo Trevizan

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O TRIGO E O JOIO

            O ser humano é livre em suas escolhas e em suas decisões. É diferente dos demais seres. Eles são conduzidos e determinados pela lei do instinto, enquanto o ser humano é alimentado pela capacidade de discernimento entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre o verdadeiro e o falso. Mesmo assim essas distinções irão depender do grau de instrução a que cada qual tem acesso.



            O mundo sempre esteve dividido entre bons e maus, entre santos e pecadores, entre os que semeiam o trigo e os que semeiam o joio. O trigo simboliza tudo aquilo que serve de alimento, de ensinamento e orientação para o bem. O joio simboliza tudo aquilo que representa ensinamentos e sugestões que iludem os inocentes mostrando-lhes que tudo é bom e tudo é permitido para alimentar a fantasia e satisfazer o prazer.
            Por mais que as igrejas se esforcem em mostrar caminhos e atitudes que mais aproximam de Deus, está mais do que claro que existem grupos e organizações elaborando programas que incentivam a liberdade total e a permissividade em todos os setores da vida. Iludem o público com a alegação de que tudo é válido e pode ser aproveitado ao máximo.
            É o joio que continua se espalhando e ampliando sua influência nas mentes, especialmente dos jovens. Incute-lhes que cada qual deve criar seu próprio mundo virtual e ocupar-se tão somente dele. Não haverá necessidade de conviver com os demais. A comunicação será sempre virtual. Assim ninguém poderá interferir ou questionar. Cada qual cria seu conteúdo ideológico, seus princípios intelectuais, suas normas morais e até sua religião.
            Não quer saber de opiniões e nem de palpites. O futuro não lhe interessa. O passado não o influencia. Já foi. Já aconteceu. É o agora que interessa. Não importam as conseqüências. Nem pensar nisso. É bem melhor aproveitar aquilo que lhe favorece, mesmo que seja ilusório. Afinal, a ilusão alivia as tensões e conduz para um estágio imaginário.
            Não precisa pensar e nem planejar tanto. O mundo da informática se encarrega de oferecer inúmeras opções. Cada uma melhor do que a outra. Cada uma mais atraente e mais fascinante. É o cartão de credito, é o face book, o orcut, o twiter, o msn. Todas maneiras atuais de olhar o mundo, intervir nas pessoas, aproveitando-se às vezes da sua ansiedade para iludi-las e explora-las.
            Esse é o joio que vai se infiltrando na mente e passa a confundir os valores da vida. Influencia de tal forma que chega a criar novas necessidades, novos desejos e novos sonhos. Tudo voltado para um possível sucesso e uma vida mais confortável e mais rica. Sonha um mundo grande. Alimenta grandes conquistas. É a infeliz ilusão.
            Outra lição que aparece nesta comparação entre o trigo e o joio é que enquanto uns poucos se esforçam em semear o trigo do amor fraterno, do respeito mutuo e da fé em Deus, outros espalham o joio da droga, do culto ao “eu”, da indiferença religiosa e do ateísmo.
            Contudo, é preciso acreditar que ainda é possível sonhar com um mundo melhor onde a justiça e a paz se abraçarão, o amor e a fé se confraternizarão e o ser humano se reencontrará na intimidade com seu Deus e Pai.
                  Frei Venildo Trevizan OFMCap