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sábado, 25 de junho de 2011



             UM COPO DE ÁGUA

            Todos estão em procura de vida. A semente jogada ao chão e enterrada germina, rompe a terra e sai para respirar vida. Mesmo aquela que não foi enterrada encontra uma maneira de fazer com que suas raízes busquem umidade no chão para germinar e ir ao encontro da luz do sol e da vida
            Os animais, sejam grandes ou pequenos, sejam de qualquer tamanho, também buscam vida. Mesmo que seja por algumas horas, alguns dias, ou alguns anos. O tempo não importa. O que importa é viver. E fazer algo para perpetuar sua espécie.
            Os seres humanos procuram vida e vida o quanto mais plena possível. Mesmo que tenha de enfrentar fome, frio, doenças, perigos os mais diversos, não desistem. Querem viver. Querem perpetuar sua vida e sua espécie. E não há distinção. Todos querem viver.
            Mesmo que social e culturalmente façam distinção entre vida saudável e vida sofrida, todos querem viver. Mesmo que economicamente a sociedade crie classes distintas entre ricos e pobres, mesmo assim todo o ser humano luta pela própria vida, pela própria dignidade e pela própria felicidade. Vivendo em mansões ou em favelas a dignidade é a mesma, pois a filiação é uma só: todos são filhos e filhas do mesmo Deus que é pai e mãe de toda a humanidade.
            E a grandeza dessa vida não se mede pelos bens adquiridos, pelos títulos conquistados, pela posição social ocupada, mas pelo serviço prestado, pela disponibilidade em partilhar o que possui e o que sabe, pela alegria em amar e incentivar a quem necessite de algum estímulo para reencontrar o prazer de viver, de sorrir e de acreditar em seus sonhos e em suas esperanças.
            Levar a pessoa a acreditar em si, a amar o pouco que sabe para se colocar a serviço do bem e da vida. Despertar na pessoa o sentimento de acolhida, o milagre da convivência e a riqueza do perdão. E então descobrirá o caminho de Deus que está sempre disponível em acolher, amar e recompensar. Ele quer premiar cada filho e cada filha por aquilo que for capaz de produzir para o bem dos demais.
            Deus não olha o quanto alguém faz ou realiza de bom. Para ele não existe quantidade, mas qualidade. Não é o tanto que faz, mas como o faz. Na certeza de que os mínimos gestos, as mais simples atitudes, os mais humildes préstimos sempre serão acolhidos e abençoados.
            O querer fazer muito nem sempre será o melhor. O querer elaborar grandes projetos nem sempre garantirá o sucesso. Mas o realizar as tarefas diárias com carinho, o cumprir suas obrigações familiares com simplicidade, o exercer sua função na comunidade com amor, isso certamente deixará o coração feliz e a consciência serena.
            O Mestre dos mestres vivia no meio de um povo um tanto contraditório. Um povo que buscava algo para garantir uma vida melhor, mas esquecia que as grandes obras são feitas de pequenos gestos, e a comunidade se constitui de pequenas atitudes assumidas com amor.
            E ele é muito claro quando diz: “Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fria a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, eu garanto a vocês: não perderá a sua recompensa” (Mt.10,42). São os pequenos gestos que tornam um coração grande. É a atenção simples dada a quem sofre que garante a paz de espírito e a alegria da alma.
                                                                                                                     Frei Venildo Trevizan.

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